Minas busca inspiração em Israel para soluções de uso de água

Qui, 29 de Agosto de 2019 10:52

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Foto: Divulgação Igam

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A missão reúne executivos, empresários, acadêmicos e empreendedores em um período de imersão em inovação. 

 

A tecnologia empregada em Israel para aumento na eficiência de uso de água é o principal objetivo da missão do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) que visita o país nesta semana para participar do Ag Tech Israel 2019. A diretora-geral do órgão ambiental do Governo de Minas Gerais, Marília Carvalho de Melo, está no Oriente Médio desde o dia 24 de agosto, conhecendo os métodos e tecnologias usados pelo país para uso eficiente dos recursos hídricos e melhores resultados na agricultura.

 

A missão reúne executivos, empresários, acadêmicos e empreendedores em um período de imersão em inovação, com visitas técnicas em fazendas e empresas agrícolas para conhecimento de técnicas de irrigação; gotejamento para fertilização de culturas, sistemas de tratamento de esgoto para reuso da água na agricultura, entre outras tecnologias.

 

As visitas incluíram o kibutz Magal onde foi concebida e criada a Netafim, uma companhia internacional de irrigação que desenvolveu uma tecnologia de gotejamento para eficiência de uso de água. O kibutz é uma comunidade com base em trabalho agrícola ou agroindustrial. Segundo Marília Melo o sistema de gotejo hoje faz fertirrigação, pela qual o fertilizante é misturado na água e depois distribuído pelas tubulações até os gotejadores.

 

“O gotejador tem um sistema interno para aumento da perda de carga, assim reduz a pressão e só sai a água necessária na irrigação”, explica. Recentemente, a empresa desenvolveu um sistema interno maleável que ajusta a pressão conforme a variação da topografia do terreno. “Outro destaque é que no Kibbutz 100% da irrigação é feita com água de reuso”. No local, são produzidos abacate, algodão e azeitona.

 

A empresa Netafim desenvolveu ainda um sistema simples para irrigação de pequenas áreas onde não se tem acesso à energia. Com um galão e uma coluna de água de um metro, abastece o sistema de gotejamento de até 15 metros linear. A solução é utilizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em países pobres.

 

Além dos sistemas de infraestrutura hídrica, de água natural, o país construiu uma infraestrutura de água de reuso oriundas de Estações de Tratamento de Esgoto.

 

Agricultura

 

Já no kibutz Eingev, um dos mais antigos de Israel, a principal produção é de Tâmaras. O local fica entre o mar da Galileia e as Colinas de Golan. A visita foi a uma fazenda experimental da Universidade Hebraica.

 

“As pesquisas realizadas no local têm como foco o aumento de produtividade agrícola com menos insumo, dentre eles, o mais escasso no país que é a água”, afirma Marília Melo. “As culturas são cobertas por telas para reduzir a enrolação e consequentemente a evaporação da água”, completa.

 

A diretora-geral do Igam explica que a técnica de irrigação amplamente utilizada no kibutz Eingev é o gotejamento. Ao longo do tempo, com o desenvolvimento de pesquisas, a demanda de água para irrigação passou de 5000 mm por ano para 1200 mm por ano. No vale do Jordão chove, em média, 400 mm por ano, segundo dados da The Hebrew University of Jerusalem.

 

Financiamento

 

Na área de inovação, Segundo Marília Melo, o modelo de financiamento de projetos adotado no país chama atenção. Um órgão do governo chamado “Israel Innovation Authority” destina 85% do valor total de financiamento para as fases de desenvolvimento de empresas de inovação.

 

O país, notadamente marcado pela falta d’água e com 50% do território desértico, possui condições pouco propícias para a produção agrícola, mas aposta em tecnologia para mudar essa realidade. Um dos destaques por lá é a existência de processos de irrigação com 100% de água de reuso, para produção de culturas de abacate, algodão, azeitona, entre outras. Além do sistema de infraestrutura hídrica, de água natural, o país construiu sistemas de água de reuso oriunda de estações de tratamento de esgoto (ETEs).

 

O reuso é uma tendência mundial e traz muitos benefícios, como a redução da necessidade de água bruta e do aporte de poluentes nos rios. Um ponto importante é que, como o esgoto tratado é rico em nutrientes, utilizá-lo na agricultura representa economia em fertilizantes sintéticos. Outro investimento do país são os sistemas simples para irrigação de pequenas áreas onde não se tem acesso à energia, o que pode beneficiar pequenos produtores.

 

Todas essas experiências estão sendo compartilhadas para servirem de referência às políticas de recursos hídricos no Estado. A missão do Igam em Israel prossegue até o dia 30 de agosto.

 

Emerson Gomes

Ascom/Sisema