Igam é capacitado a produzir mapas para monitorar secas

Qua, 11 de Dezembro de 2019 13:17

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Foto: Simon Nascimento
monitor de secas capinha
A analista ambiental do Simge, Paula Pereira é uma das servidoras capacitadas a desenhar o traçado do mapa

 

Depois de passar a ser o primeiro estado do Brasil, fora do Nordeste, a compor o Mapa Monitor de Secas, Minas Gerais está sendo capacitado para ter a autoria na elaboração de documentos e mapas do processo que faz o acompanhamento da situação de escassez hídrica. A plataforma da Agência Nacional de Águas (ANA) é baseada em indicadores climáticos e físicos que permitem analisar a evolução do fenômeno em todo o país. Com a nova capacidade técnica, Minas se juntará a Pernambuco, Bahia Ceará e Espírito Santo.

 

O Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) será o órgão do Governo de Minas responsável pela produção dos documentos e mapas. Nessa semana, entre os dias 9 e 13/12, as técnicas do Igam, Paula Pereira de Souza e Luiza Pinheiro Rezende Ribas, participam da última fase da capacitação que vai confirmar a capacidade de autoria. O seminário teve quatro etapas e foi coordenado pela Agência Nacional de Águas (Ana). 

 

De acordo com a analista ambiental do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge), Paula Pereira de Souza, o processo de elaboração do Mapa Monitor de Secas foi iniciado no Brasil em 2014. Pernambuco, Bahia e Ceará foram os primeiros a realizarem a autoria da base cartográfica. Além de Minas e dos três estados, o Espírito Santo também será integrado ao Monitor. “A ideia é expandir para o Brasil como um todo” afirma Paula.

 

POR QUE MINAS?

 

Na última década, os anos sucessivos de baixa pluviosidade registrados em algumas regiões de Minas agravaram a situação da seca e reduziram a disponibilidade de água, provocando crises hídricas em bacias de relevância nacional, a exemplo da Bacia do Rio São Francisco, que tem cerca de 37% da sua área em Minas Gerais. Além disso, o Norte de Minas abrange municípios que integram o Semiárido Brasileiro, compondo, junto a muitos outros municípios localizados na Região Nordeste, a área historicamente mais afetada no país por eventos de seca.

 

Minas começou a fazer parte do Mapa do Monitor de Secas em novembro de 2018 com o papel de validador. A partir do treinamento, o Igam também terá o papel de autor.  “O aprendizado foi muito além do que a gente imaginou. Se tudo der certo já entramos na escala de revezamento de autoria com os outros Estados”, explicou Paula.

 

O coordenador de meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Hugo dos Anjos acredita que a entrada de Minas Gerais e Espírito Santo na autoria do mapa pode resultar em ações conjuntas de enfrentamento à seca no Sudeste. “Passamos a ter uma ferramenta indicadora melhor. E nada melhor que desenvolver com Minas, porque são dois Estados próximos geograficamente. Além disso, os problemas do Norte de Minas são próximos ao semiárido do Nordeste em algumas ocasiões”, frisou Hugo.

 

O hidrólogo da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Gilberto Mobus, explicou que o Mapa de Secas é um trabalho colaborativo entre as instituições ligadas a meteorologia nos estados e a ANA. “Para a elaboração do mapa, nas suas diversas etapas, faz-se necessária a elaboração de um projeto em ambiente SIG, onde são cruzadas várias informações, principalmente, indicadores elaborados especialmente para a análise do grau de severidade de seca”, descreveu.

 

Ele ainda explicou a mudança de função em Minas Gerais, que passou da validação para fazer também a autoria. “Os validadores têm a função de fornecer dados de sua rede de monitoramento, avaliar o traçado do mapa proposto pelos autores e coletar evidências sobre a situação da seca em seus Estados para que o mapa publicado mensalmente represente o melhor possível a seca física. Quando um estado passa a participar da autoria, todo um trabalho de elaboração do mapa, manuseio de projetos em SIG, avaliação e interpretação dos produtos de apoio e indicadores e interação com os validadores é incorporado à rotina mensal da instituição envolvida na autoria. A participação no processo torna-se ainda mais técnica”, destacou.

 

A expectativa segundo ele, é de que em breve o Mapa Monitor de Secas possa estar presente em todo o país. “Deveremos ter em 2020, além de Minas Gerais, Espírito Santo e Tocantins, a adesão dos estados de Goiás e Rio de Janeiro. A meta é que, no futuro, tenhamos um Monitor de Secas cobrindo todos os estados do Brasil”, garantiu.

 

Simon Nascimento
Ascom/Sisema