Igam apresenta resultado da qualidade das águas do Rio Doce

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Criado: Sex, 17 nov 2017 13:28 | Atualizado: Ter, 27 ago 2024 17:39


O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) lança, no mês em que se completam dois anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, encarte contendo os resultados do estudo da evolução da qualidade das águas do rio Doce.
 
“Decorridos quase dois anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, foi possível verificar o comportamento geral da área afetada com relação aos poluentes considerados mais importantes. Comparativamente ao primeiro ano de análise, de novembro de 2015 a novembro de 2016, observa-se que houve uma grande redução das médias dos resultados no segundo período para a maioria dos parâmetros avaliados, indicando uma tendência de aproximação dos valores históricos observados no monitoramento do Igam, porém, ainda com grande proporção de violações aos limites estabelecidos na Deliberação Normativa Conjunta do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) e Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) n 01 de 2008”, disse a gerente de monitoramento da qualidade das águas do Igam, Katiane Brito.
 
No último intervalo analisado, de novembro de 2016 a agosto de 2017, com relação aos parâmetros turbidez, sólidos em suspensão total, ferro dissolvido, manganês total e alumínio dissolvido, as médias ainda se encontram acima do limite legal e das médias históricas. Esses resultados podem ser atribuídos à acumulação do rejeito no leito do rio e em bancos das margens, que continuam a ser revolvidos”, disse a analista ambiental do Igam, Regina Pimenta.
 
Para os parâmetros arsênio total, cádmio total, cromo total, níquel total e mercúrio total, as violações aos limites estabelecidos foram reduzindo paulatinamente  ainda no primeiro ano analisado e, atualmente, encontram-se em conformidade com os limites estabelecidos para a classe e abaixo do máximo registrado na série histórica do Igam. O estudo identificou que principalmente para os parâmetros ferro dissolvido, manganês total, alumínio dissolvido, as violações continuaram no segundo ano.
 
No que se refere aos usos da água ao longo do rio Doce, nas últimas coletas realizadas, os parâmetros turbidez, sólidos em suspensão total, ferro dissolvido, manganês total e alumínio dissolvido, apresentam violações dos limites de Classe 2, o que reforça a necessidade de tratamento convencional para abastecimento para o consumo humano e avaliações das Secretarias Municipais de Saúde para os usos de  recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho), irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto.
 
Atualmente, os relatórios periódicos de monitoramento da qualidade da água produzidos a partir do monitoramento realizado pelo Igam e pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Iema) têm demonstrado que, após tratamento adequado, as águas do rio Doce tornam-se próprias para o consumo humano. “Mas é preciso alertar que a liberação ou não dos usos deverá ser avaliada pelos órgãos e entidades responsáveis tais como Secretaria de Estado de Saúde (SES), Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)”, nas atividades de aquicultura e atividades de pesca, segundo a analista ambiental do Igam, Regina Pimenta.
 
 O estudo da evolução da qualidade das águas do rio Doce contém gráficos de evolução espacial para ilustrar o comportamento dos resultados das médias por período analisado, em cada estação de monitoramento, e tabelas descritivas dos comportamentos dos parâmetros analisados. Os valores foram representados pela cor verde, como sendo aqueles que se encontram em conformidade com a legislação que define o limite para os parâmetros, de acordo com a classificação do rio; na cor amarela aqueles que se encontram em desacordo com a norma, atingidos até duas vezes o correspondente ao limite; na cor vermelha aqueles que estiverem entre acima de duas vezes e abaixo de quatro vezes o correspondente limite e na cor vermelha realçada aqueles que estiverem acima de quatro vezes este limite.  
 
Cabe esclarecer que o parâmetro oxigênio dissolvido apresenta limite mínimo e não máximo, tendo, portanto, significado diferenciado, conforme explicação no encarte. O parâmetro condutividade elétrica in loco não é sinalizado por não possuir normatização.
 
 O monitoramento da qualidade das águas realizado pelo Igam se refere à análise da água bruta. O tratamento da água para abastecimento cabe aos municípios ou às concessionárias de águas. Vale destacar que as águas do rio Doce são classificadas como classe 2, podendo ser destinada ao abastecimento para o consumo humano após tratamento convencional, conforme estabelecido na Deliberação Normativa do Conjunta Copam/CERH-MG de 01/2008.
 
O acompanhamento continuará a ser realizado pelo órgão como nos anos anteriores ao desastre. Caso ocorra nova eventualidade, a frequência de monitoramento poderá ser intensificada, de acordo com um plano de monitoramento emergencial.
 
Programa de Monitoramento Quali-quantitativo  Sistemático da Água e Sedimentos no Rio doce e Zona costeira (PMQQS)
 
O monitoramento da qualidade da água do rio Doce, com foco na avaliação da recuperação após  o desastre, continuará a ser realizado pela Fundação Renova, pela rede implantada por meio do Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAC), contemplando 92 estações, dentre as quais, 56 de monitoramento convencional da qualidade ao longo do rio e zona costeira e 22 estações automáticas com medição de nível, vazão, descarga sólida e temperatura do ar. Dentre essas 22 estações, oito delas contemplam sondas multiparamétricas de qualidade da água.
 
A Rede implantada possui caráter permanente e abrangente, por meio de uma avaliação sistemática, com previsão mínima de 10 anos. Por meio dela, estão sendo avaliados parâmetros físico-químicos, além de biomonitoramento, medições de vazão, qualidade e quantidade de sedimentos.
 
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Milene Duque
Ascom/Sisema