O Plano de Recuperação de Áreas de Preservação Permanente - Projeto Nascentes do Rio Verde Grande, desenvolvido por uma associação de agricultores familiares da região, tem ajudado a recuperar e a preservar nascentes desse rio, que é braço do Rio das Pedras, afluente do Velho Chico.
O trabalho conferiu à Associação dos Agricultores Familiares de Cava do Curral o 1º lugar do I Prêmio de Boas Práticas “Salve o Rio São Francisco”, na categoria Cidadão e OSC.
A premiação, ocorrida no último mês de novembro, foi promovida pelo Governo de Minas Gerais, por meio do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) e também contemplou iniciativas de empresas e órgãos públicos.
Cava do Curral é uma comunidade na zona rural de Glaucilândia. Com o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) e de técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais (Emater-MG), agricultores locais conseguiram cercar quatro nascentes localizadas na cabeceira do Rio das Pedras.
“O turismo e a agricultura são as principais atividades econômicas da cidade. Com a falta de recursos hídricos, a economia do município foi prejudicada. A união da sociedade e do poder público permitiu que realizássemos as primeiras ações. O próximo passo é cercar o Rio das Pedras em Cava do Rural”, diz o secretário municipal de Meio Ambiente de Glaúcilândia, Cleidson Carpeggiane.
Segundo o secretário, para isso, são necessários recursos e de mão de obra. “O prêmio é uma forma de valorizar nosso trabalho e conseguir novos parceiros para dar continuidade ao projeto”, afirma Carpeggiane.
“Tivemos mais de 40 inscritos em cada categoria. Como 2018 é o Ano das Águas, este número deve aumentar ainda mais na próxima edição”, ressalta Ana Paula Aleixo Alves, responsável pela Comissão Gestora do Programa Ambientação da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).
Educação ambiental
A Prefeitura de Contagem, no Território Metropolitano, também tem se destacado com o projeto “Contagem das Nascentes”, por meio da recuperação de nascentes que fazem parte da Bacia do Rio São Francisco.
A medida é uma forma de preservar a estabilidade geológica, a biodiversidade e proteção do solo. A iniciativa conquistou o 1º lugar na categoria Órgão Público.
De acordo com o diretor de Planejamento Ambiental e Fiscalização de Meio Ambiente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Contagem, Eric Alves Machado, o projeto consiste na contagem, preservação e recuperação das nascentes, aliadas à monitoração e fiscalização constantes e também à educação ambiental.
“A comunidade participa efetivamente. Temos chamado as lideranças comunitárias para caminhar conosco e nos mostrar onde estão essas nascentes e como elas são utilizadas. Também é uma forma de resgatar a história e a memória dessas comunidades”, assinala Machado.
“Até o momento já catalogamos 100 nascentes, mas acreditamos que esse número deve passar de 4 mil. Queremos mostrar que a nascente não é apenas um ponto. Ela faz parte do São Francisco. Vamos criar um banco de dados que irá mudar o mapa hídrico de Contagem para dar essa dimensão”, diz o diretor.
Tecnologia
No universo corporativo também há projetos que utilizam a tecnologia para reduzir a captação de água proveniente de lagos, rios e do lençol freático na fabricação de produtos. É o caso da unidade da Nestlé Waters Brasil Bebidas e Alimentos de Montes Claros, no Território Norte, vencedora do prêmio do Sisema na categoria Empresas.
Desde 2011 a companhia tem investido na aquisição de equipamentos de última geração para reaproveitar a água evaporada no processo industrial de fabricação de leite condensado.
Segundo o gerente técnico da Nestlé em Minas Gerais, Ramon Pinheiro Cordeiro, a iniciativa é parte do compromisso global da multinacional de reduzir 35% da água gasta para cada tonelada de produtos fabricados.
Há dois anos a planta de Montes Claros foi ampliada para a instalação de uma fábrica de cápsulas de café. É a primeira unidade fabril da marca no mundo que não utiliza água potável retirada da natureza nos processos produtivos.
“A água extraída do leite condensado é suficiente para abastecer a indústria de cápsulas e ainda sobra para usar na fabricação de leite condensado. Em um ano, mais de 66 milhões de litros de água potável deixaram de ser retirados da natureza”, frisa Cordeiro.
Premiação
O Prêmio de Boas Práticas “Salve o Rio São Francisco” contemplou três categorias: melhor projeto ou prática de órgão público; melhor projeto ou prática de cidadão, grupo de cidadãos ou organização da sociedade civil, e melhor projeto ou prática de empresa.
Os trabalhos foram avaliados por uma comissão julgadora, que considerou os critérios de facilidade de replicação da prática, facilidade na conservação das águas da Bacia do Rio São Francisco, ganho na economia e no uso racional da água, originalidade e inovação, construção e participação coletiva, impactos positivos e benefícios para o meio ambiente e a sociedade e colaboração com a execução de políticas públicas.
Agência Minas